quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Sociedades...

Basicamente, a sociedade de soberania (séc. XVII e XVIII) pode ser resumida pelo corpo do Rei: tudo o que se passa nesta sociedade é automaticamente direcionada ao Rei que pode levar como afronte ou deleite. A sociedade é identificada pelas ações do seu monarca – o exercício de seu poder ocorre de acordo com as ações da sociedade: um afronte de um súdito é resolvido pela “mão” do rei que penaliza aquele individuo com um ato em praça pública, e por ser uma ordem do Rei, era considerada uma ordem justa e divina.
A busca da restauração do corpo do monarca era exercida por meios de rituais como os suplícios e vassalos a fim de servir como exemplo aos demais.
A masmorra é o lugar para onde eram levadas as pessoas que afrontavam o corpo do Rei e não tinha volta. O lugar escuro seria a última morada do individuo que não seguisse as ordens do Rei.



*Lembrando: Reza a lenda que os Reis eram denominados por uma divindade a conduzir o seu povo e organizá-lo de forma decente seguindo as regras de sua crença.

A sociedade disciplinar (séc. XIX e inicio do séc.XX), talvez a mais complexa das três, pode ser contada como uma sociedade que prega o molde a fim de manter a ordem da sociedade. O corpo social é o novo principio, sendo assim, o monarca não tem mais aquela função de dar o exemplo.
Nesta sociedade, a substituição de rituais é dada pela proteção quase médica do corpo social – vejamos exemplos: a normalização dos indivíduos a fim de que os mesmos sejam iguais e possa ocupar suas funções futuramente; idealização de um criminoso serve para que não seja copiado o mesmo ato, porem quando não o idealizamos, podemos nos igualar a um deles.
Por isso, nesta sociedade eram afastados os ditos como anormais (doentes, loucos, criminosos...) com a finalidade de mostrar o que não poderia ser copiado. Um detalhe importante é que nesta sociedade o errado era mostrado como exemplo a não ser seguido.
A norma, então, era o controle minucioso das operações do corpo que realiza a sujeição constante de suas forças e lhes impõe uma relação de utilidade
Nesta sociedade, ouviu-se pela primeira vez a questão de recuperação e reintegração de um individuo.

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

O público e o privado 2

No caso de um governo, como anteriormente foi citado, podemos resumir que nos tempos das sociedades monárquicas havia dois tipos de relação entre o rei e os súditos: a visível, com aparições repentinas no alto da torre, afirmando sua superioridade e força aos demais e a invisível, que aconteciam na clandestinidade de seu castelo, conduzidos por membros da corte longe das vistas dos súditos, o que tornava a realeza um ponto de referência sobrenatural, às vezes.
Na entrevista de Michael Foucault a Jean-Pierre Barou, intitulado como “O Olho do Poder” é comentado sobre as sociedades denominadas de Soberania, Disciplinar e de Controle. Cada uma delas, com atividades e características próprias, falam como de fato as sociedades evoluíram de acordo com a forma como foram adotadas as medidas a fim de que fossem os indivíduos adaptados as regras gerais dessas sociedades. Características essas muito curiosas que gostaria de comentar aqui, em um novo post.

O Público e o Privado

O paralelo entre o público e o privado vem atravessando o tempo transformando as sociedades através dos séculos.
Pode-se definir este paralelo como uma dicotomia: o público exercendo atividade de autoridade visível tornando algo notório à participação de todos e o privado excluindo a participação, criando uma atmosfera mística de poder entre o que não se pode ver, mas que de fato torna-se algo poderoso.
No caso do governo, nota-se este tipo de comportamento quando se trata das formas de governo de visibilidade e invisibilidade. Assembléias e discursos tornam visíveis as tomadas de decisões feitas pelo governo auto-afirmando o seu poder perante os súditos, já as cúpulas e reuniões às portas fechadas torna o evento místico e curioso, por isso, tem sua relevância e poder sobre a sociedade.
Esse tipo de adversidade surgiu no século XVII na Grécia Antiga.